sábado, 13 de outubro de 2012

"¡Olé!" A linda toureira espanhola.

Espanha...
...terra dos girassóis, do calor europeu, do povo de sangue quente; sangue que o torna valente, aguerrido e destemido. Essa valentia se faz pensar do espanhol, ou dos hispanos, um povo arrogante mas não é bem assim. Essa valentia o fez encarar grandes duelos históricos como peste bubônica na era medieval, a gripe espanhola de 1918 além da guerra civil o século XX. Mas um duelo talvez tenha sido o mais doloroso: o caminho ao fim das touradas. Muitos as contestam, outros as aprovam mas é fato que as touradas têm sido alvo de fervorosas discussões mundo à fora. Nós, aqui, apresentaremos um pouco do que esta cultura representa e uma grande representante deste galante duelo.


História

A tourada tem por definição a lide de touros bravos através de técnicas conhecidas como arte tauromáquica. Enraizada na cultura da Península Ibérica, o Circo de Termes parece ter sido um local sagrado onde os celtiberos (herdeiros naturais ds povos celta e íberos) praticavam o sacrifício ritual dos touros.
As representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas na Península Ibérica tais como os vasos de Líria, as esculturas dos Berrões, a bicha de Balazote ou o touro de Mourão estão quase sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.

A palavra tauromaquia é de origem grega - tauromachia - significando combate com touros. O registo pictórico mais antigo da realização de espectáculos com touros remete à ilha de Creta (Knossos). Esta arte está presente em diferentes vestígios desde a antiguidade clássica, sendo conhecido o afresco da tourada no palácio de Cnossos em Creta.



Pelo domínio da região e força da cultura hispânica, a tourada é tradicional em Portugal, Espanha e sul da França, além de alguns dos países que foram o berço da colonização castelhana na América Latina, como México, Colômbia, Peru, Venezuela e Guatemala.

A lide varia de país para país, onde em Portugal, por exemplo, ela tem duas fases: a chamada lide a cavalo ou menos corrente a lide a pé e posteriormente a pega. A primeira é levada a cabo por um cavaleiro, lidando o touro. A lide consiste na colocação de ferros, ditos farpas, de tamanhos variáveis, começando com ferros longos e culminando frequentemente com ferros muito curtos, ditos "de palmo".

Arte de Michael Tompsett, artista britânico
 

Patrimônio Cultural

Na França e em algumas autarquias de Portugal, as touradas são consideradas como parte do Patrimônio Imaterial e Cultural. A capital espanhola, Madrid, também declara as touradas como Património Imaterial e Cultural.


As proibições

As classes defensoras de animais tem esta como uma herança cultural maldita pelo sacrifício do animal inocente.

Em Portugal as touradas foram proibidas no tempo do Marquês de Pombal (séc.XVIII), após uma corrida de touros realizada em Salvaterra de Magos em que faleceu na arena o Conde dos Arcos, grande figura nobiliárquica estimada pelo monarca D. José I. Voltaram a ser permitidas anos mais tarde, mas sendo proibidos os chamados touros de morte, onde o touro não pode ser morto em praça pública. Em 2002 a lei foi alterada para permitir os touros de morte em locais justificados pela tradição, como na vila de Barrancos e em Monsaraz.

Em Portugal, cinco autarquias posicionaram-se contra a realização de touradas nos seus conselhos: Viana do Castelo, Braga, Cascais, Sintra e o presidente da câmara de Faro.

Na Espanha, o Estado onde as touradas são mais tradicionais, existem zonas nas quais estão proibidas. Em primeiro lugar foram as Ilhas Canárias, com a aprovação em 1991 da Lei de Proteção de Animais e, duas décadas depois, em Julho do 2010, o parlamento de Catalunha aprovou uma Iniciativa Legislativa Popular - com 180.000 adesões - que proibia estas práticas. A última tourada da Catalunha se deu 24 setembro de 2011, lotando a Arena Monumental de Barcelona.


Touradas no Brasil

Porto Alegre teve tanto corridas de touros como touradas em praça de touros, situada nos Campos da Redenção (hoje, Parque Farroupilha). Com cavaleiros, bandarilheiros, forcados e pega, assim como pantomimas tauromáquicas, eram consideradas eventos sociais, recreativos e artísticos, atraindo humildes e abonados.
A informação disponível não permite saber se o animal era sacrificado na apresentação.
Havia praças de touros em São Paulo, Santos, Cuiabá, Curitiba, Salvador e no Rio de Janeiro, então capital nacional. Nela em 1922, dentre as festividades do centenário da independência, realizaram-se touradas com registro cinematográfico.
Foram proibidas em 1934 por Getúlio Vargas, juntamente com as rinhas de galo.


As Arenas

A maior praça de touros do mundo é a "Plaza de Toros México" localizada na cidade do México.



Já a maior praça europeia é a "Plaza de Toros de las Ventas", em Madrid (acima). Inaugurado em 1931, Las Ventas abriga a temporada de touradas entre março e outubro, com espetáculos principalmente aos domingos. A entrada pelo grande portal principal se organiza com uma série de turistas e suas câmeras fotográficas.


"El Matador" (O Toureiro)

A indumentária é um espetáculo à parte. Enquanto fazem movimentos de aquecimento com os capotes ou mulletas - os panos vermelhos, de forro amarelo -, os toureiros reluzem com suas roupas de seda colorida e os bordados em ouro.

O espetáculo começa ao som de uma banda que entoa músicas tradicionais enquanto os profissionais se apresentam ao público, circulando pela arena sob aplausos e assobios.


Aqui, uma tradicional canção interpretada pelos Três Tenores que remete à poeira da arena, uma poesia à fantasia de se domar uma fera, TORERO QUIERO:
 
 

Depois do duelo, o desempenho do toureiro é avaliado pelos lencinhos brancos que ele consegue angariar do público. Se muitos começam a se chacoalhar após a apresentação, é sinal de reconhecimento de uma grande performance. E quando mais da metade do público saúda a apresentação desta forma, ele é premiado. Este tipo de premiação é muito importante para a carreira de um toureiro; quanto maior o número de premiações em seu currículo, maior o seu prestígio profissional.


 
Em 1994, canção extraída do álbum BEDTIME STORIES, Madonna homenageou famoso toureiro, Emilio Muñoz (o próprio atua no video), num videoclip de tirar o fôlego, TAKE A BOW:
 
 

Emilio Muñoz Vázquez nasceu no bairro de Triana, em Sevilha, em 23 de maio de 1962. A chamada imprensa taurina, especializada no assunto, o considerou um pequeno prodígio, um Mozart das touradas. Sua primeira tourada foi em 15 de agosto de 1977, em Sevilha. Atualmente, desde 2000,  participa de transmissões de touradas, atuando como comentarista.

A primeira toureira mulher não foi espanhola, foi peruana: Conchita Cintrón participou,
entre as décadas de 1940 e 1950, de mais de 400 corridas em arenas de países como Espanha, Portugal, Peru, México, Equador, Colômbia, Venezuela, França, se tornando mundialmente famosa.
Conchita foi naturalizada portuguesa ao se casar com cidadão português.


 Barbie, uma garota destemida e além de seu tempo, também abriu caminhos e foi trajada lindamente como uma Toureira:
 
 Ouro reluzente ao brilho do Sol, o traje de "la Matadora"
é um luxo à parte, contrastante com a areia, poeira e suor da arena.



De posse de sua "mulleta", esta só não tem o
verso em amarelo.


 
Sapatilhas que firmam os pés na arena
seca do sol, que pode se tornar perigosa por isso.



Lindos olhos amendoados, boca "roja como las rosas"
da vitória, seria um touro capaz de combatê-la?
 
 
 
FABRIQUÉ EN INDONESIE pour MATTEL, 1999. ref.24670
 
 
"¡Olé y gracias por su visita!"



fonte: wikipedia.com; terra.com.br; acervo pessoal
fotos: arte, rede mundial; doll, ALê Campos Acervo Pessoal
 
 
"Este post não se dedica a incentivar ou defender as touradas tão pouco contestar as normativas estabalecidas pelas localidades que determinaram a não realização de novos eventos. Este blog dedica-se a comunicar as culturas e folclores e respeitar tais determinações e quaisquer outras que venham a ser estabelecidas nesse sentido." Muito obrigado.